Penso que não cabe mais à Psicologia se posicionar de maneira dicotômica e extremista diante dos principais fatores constituintes do comportamento humano: o meio ou a herança genética; o corpo ou a alma; o cérebro ou a mente.
O acúmulo de conhecimentos da Psicologia, que ainda se considera uma ciência jovem, já é suficiente para que possamos olhar para o ser humano e a sua subjetividade como algo complexo e multideterminado.
Seguindo esta linha de raciocínio, não seria coerente negar as contribuições dos outros campos do saber que abordam, direta ou indiretamente, o nosso comportamento. Os avanços das neurociências, impulsionados pelo desenvolvimento de técnicas cada vez mais sofisticadas de acesso ao funcionamento cerebral, têm trazido grandes contribuições para a ciência psicológica.
Conhecer o cérebro humano, suas possibilidades e limitações, é, portanto, condição absolutamente necessária para quem lida, de uma forma ou de outra, com a educação, pois este órgão é a sede das nossas aprendizagens, das mais simples às mais complexas, das que são realizadas informalmente, até aquelas tipicamente escolares. Sendo condição necessária, contudo, não significa que seja suficiente, como podem pensar algus neurocientistas. Sendo assim, a psicologia ainda detém um lugar privilegiado na produção de conhecimentos sobre nossa subjetividade.
Os três vídeos que compões o documentário postado abaixo são bastante didáticos e ilustrativos para aqueles que estão tendo um primeiro contato com os estudos sobre o cérebro humano.
Nosso cérebro é uma impressionante estrutura cuja engenharia foi sendo desenvolvida ao longo de bilhões de anos, por meio dos mecanismos que orientam a evolução filogenética. Podemos dizer, talvez de forma mais literária do que propriamente científica, que este órgão foi sendo testado e aperfeiçoado em outros organismos mais simples, até poder servir bem ao gênero Homo.
Na medida em que passa a "equipar" os nossos ancenstrais mais semelhantes, ou seja, os primatas com postura ereta e, portanto, locomoção bípede, o cérebro passa a preparar aquelas habilidades tipicamente humanas, as quais sofrem influência direta da cultura.
Conhecer a evolução do cérebro, portanto, se faz necessário para uma melhor compreensão daqueles comportamentos tipicamente humanos, aqueles que não compartilhamos com nenhuma outra espécie de animal.
Sou graduado em Psicologia pela Universidade Federal da Bahia, mestre em Educação pela Universidade Estadual de Campinas e doutorando em Psicologia pela Universidad Autónoma de Madrid. Sou professor de Psicologia da Educação, no Departamento de Educação da Universidade Estadual de Feira de Santana. Tenho grande interesse pelas contribuições da psicologia à educação escolar e universitária, principalmente no que diz respeito aos processos de aprendizagem e comportamento em sala de aula.